A bolha da IA já é 17 vezes maior que a das pontocom, alerta analista

Um estudo acende o alerta para o tamanho do hype em torno da inteligência artificial e compara o momento atual ao que antecedeu o colapso das pontocom.
Um estudo acende o alerta para o tamanho do hype em torno da inteligência artificial e compara o momento atual ao que antecedeu o colapso das pontocom.

A euforia em torno da inteligência artificial pode estar prestes a se transformar em um pesadelo financeiro.

De acordo com o economista Julien Garran, da MacroStrategy Partnership, o mercado de IA está inflado em proporções inéditas — 17 vezes o tamanho da bolha das pontocom e quatro vezes maior que a bolha imobiliária global de 2008Perplexity.

O alerta, publicado originalmente pela Fortune, coloca a febre da IA no mesmo patamar de risco que a corrida das startups de internet do início dos anos 2000 — mas desta vez com muito mais dinheiro e menos fundamentos.


O déjà-vu das pontocom

Na virada do milênio, empresas que prometiam “revolucionar a internet” atraíam bilhões em investimentos mesmo sem gerar lucro.

Agora, o cenário se repete: companhias com pouca receita, mas com discurso de “IA generativa”, recebem aportes recordes e avaliações astronômicas.

Segundo o relatório citado pela Fortune, o investimento global em infraestrutura de IA — data centers, chips e redes neurais — cresceu mais de 600% em apenas dois anos, impulsionado por expectativas de retorno que ainda não se concretizaram.

Julien Garran argumenta que, assim como no caso das pontocom, o mercado está precificando a tecnologia antes de entender seus limites reais.

Fundos se preparam para o colapso

Enquanto isso, alguns investidores começam a se proteger.

Uma reportagem da CNBC revelou que fundos de hedge já estão montando estratégias para lucrar com uma possível reversão no “AI trade”, o movimento de alta concentrado nas empresas ligadas à inteligência artificial.

De acordo com a matéria, um grande fundo de Londres está apostando contra ações de gigantes do setor, antecipando que o entusiasmo pode desaparecer rapidamente — especialmente se os lucros não acompanharem as projeções.

“O trade de IA pode se desfazer de forma rápida e brutal”, afirma a reportagem da CNBC, citando fontes internas do mercado financeiro.


Até o Goldman Sachs soou o alarme

O sinal de alerta também vem de dentro de Wall Street.

O CEO do Goldman Sachs, David Solomon, declarou ao MarketMinute que a bolha de IA está crescendo mais rápido do que o mercado pode sustentar, e que há um “risco real de correção severa” nos próximos trimestres.

Segundo Solomon, investidores estão confundindo inovação com rentabilidade, e isso “costuma terminar mal”.

Ele alerta que o otimismo exagerado em torno da IA já começa a distorcer indicadores econômicos e o fluxo de capital entre setores.

O perigo da crença no “desta vez é diferente”

Toda bolha tecnológica nasce de uma promessa que parece impossível de falhar.
A internet seria a nova economia.

O mercado imobiliário, um investimento eterno. Agora, a inteligência artificial é vendida como a solução para todos os problemas.

Mas o excesso de confiança segue o mesmo padrão: crescimento rápido, excesso de liquidez e uma correção inevitável.

Julien Garran resume de forma direta: “Estamos tratando a IA como uma certeza econômica, quando ainda é uma hipótese tecnológica.”

A bolha que pensa (demais)

A ironia final é que a própria inteligência artificial — criada para prever comportamentos — talvez não consiga prever o seu próprio colapso.

Enquanto o mercado celebra cada novo avanço em modelos de linguagem e chips especializados, os sinais de sobreaquecimento estão por toda parte: valuations desproporcionais, lucros incertos e uma dependência perigosa de expectativas.

Se a história das pontocom se repetir, o que vem a seguir não será o fim da IA — mas o fim da ilusão de que ela cresceria sem limites.


Fontes: